Brasil racista e covarde
Professor
que comparou cerveja escura a mulher negra se torna réu por racismo
- 18/09/2017 13h59
- Rio de Janeiro
Raquel
Júnia - Repórter do Radiojornalismo*
Um professor do Instituto Federal Fluminense (IFF),
em Campos dos Goytacazes, no norte do estado, será investigado pelo crime de
racismo. A 2ª Vara Federal de Campos aceitou denúncia feita pelo Ministério
Público Federal contra o docente Maurício Nunes Lamonica.
Em março do ano passado, o professor postou
mensagem nas redes sociais comparando a mulher negra a uma cerveja escura. Em
uma foto segurando uma cerveja, ele disse: “Para ninguém achar que eu não gosto
de afrodescendente”. E acrescentou: “Nega gostosa. Uh! Foi mal”.
Para Justiça Federal, a declaração do professor
sugere desprezo pela população negra e se encaixa em discriminação pela cor de
pele. Na denúncia, o MPF reforça que o racismo não está apenas na comparação
entre a cerveja e as mulheres negras, mas também na ironia.
N denúncia apresentada à Justiça, os procuradores
destacam também o fato de a agressão ter sido feita por um professor, que tem o
papel de educar, e ter sido disseminada pela internet, com rápida repercussão.
Na época, o professor foi denunciado pela Comissão
de Igualdade Racial da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) de Campos, que
elaborou uma notícia-crime contra Lamonica.
Saiba Mais
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Racismo coloca em risco a vida de mulheres negras
O movimento de mulheres negras chama atenção para a
relação entre machismo e racismo, que reforça estereótipos de gênero e
contribui para aprofundar desigualdades. A coordenadora da organização não
governamental Criola, Lúcia Xavier, vem alertando para a sexualização de
mulheres negras, que tem um fundo histórico, e é responsável pela
desvalorização da vida delas. O resultado, afirma, está no crescente índice de
violência.
Pesquisa da Organização Mundial de Saúde (OMS)
constatou, por exemplo, que o número de mortes violentas de
mulheres negras aumentou 54% em dez anos, entre 2003 e 2013, chegando 2.875 vítimas.
No mesmo período, homicídios de mulheres brancas caiu 9,8%.
Defesa
O advogado do professor do IFF, Amyr Moussalem,
afirmou que Lamonica não foi notificado e prefere não se pronunciar. Ele
adiantou, no entanto, que o acusado vem participando de diversas audiências
sobre o tema e inclusive já se retratou publicamente.
Por meio da assessoria de imprensa, o Instituto
Federal Fluminense informou que na época do ocorrido abriu um processo
administrativo disciplinar para apurar a conduta do professor e decidiu pela
aplicação de uma advertência. Segundo o instituto, ele ficou afastado das
atividades durante o processo e atualmente voltou a dar aulas no ensino médio.
*
Colaborou Isabela Vieira, da Agência Brasil
Edição: Carolina
Pimentel
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